Humorista Nego Di é Detido por Suspeita de Estelionato

Humorista Nego Di é Detido por Suspeita de Estelionato e Causar Prejuízo de R$ 5 Milhões a Clientes, Informa Polícia Civil do RS

Influenciador foi alvo de operação do Ministério Público na sexta (12), mas a prisão ocorreu devido a outra investigação sobre uma empresa de sua propriedade que teria vendido produtos sem entregá-los em 2022. Ao menos 370 clientes foram vítimas de estelionato, segundo a polícia, e o número pode ser maior.


Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, foi detido pela Polícia Civil do RS neste domingo (14) na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, SC. Na sexta-feira anterior (12), ele havia sido alvo de uma operação do Ministério Público por suspeita de lavagem de dinheiro.

A prisão preventiva foi decretada por outra investigação de estelionato, conduzida pela Polícia Civil desde 2022. Nego Di deve ser transferido para Porto Alegre ainda no domingo, após a audiência de custódia.

A defesa do humorista afirma estar tomando "todas as medidas legais cabíveis" (leia a nota completa abaixo). Ele é suspeito de lesar pelo menos 370 pessoas com a venda de produtos por meio de uma loja virtual de sua propriedade, sem nunca entregar os itens comprados.

A investigação da Polícia Civil revela que as movimentações financeiras nas contas bancárias ligadas a ele em 2022 superam R$ 5 milhões. O sócio de Nego Di na empresa, Anderson Boneti, também teve prisão preventiva decretada no ano passado. Ele foi preso na Paraíba em 25 de fevereiro de 2023, mas foi liberado poucos dias depois.

A loja virtual "Tadizuera" operou entre 18 de março e 26 de julho de 2022, quando a Justiça ordenou que fosse retirada do ar. Nego Di promovia os produtos em suas redes sociais, muitos a preços abaixo do mercado, como uma televisão de 65 polegadas por R$ 2,1 mil. Parte dos seguidores comprou os produtos, mas nunca os recebeu, segundo a Polícia Civil. A investigação indica que não havia estoque e que Nego Di teria enganado os clientes sabendo que não poderia entregar os produtos, enquanto movimentava dinheiro em contas bancárias da empresa.

As autoridades tentaram várias vezes intimar Nego Di para prestar esclarecimentos, mas ele nunca foi encontrado. A Polícia Civil estima que o prejuízo dos 370 clientes lesados seja superior a R$ 330 mil, mas, com as movimentações bancárias milionárias, suspeita-se que o número de vítimas seja maior e inclua pessoas que não denunciaram o caso à polícia.

Antes da prisão, Nego Di se manifestou em sua conta no X (antigo Twitter): 

"Estávamos preparados para o que aconteceu ontem [sexta]. Nós sabíamos que iria acontecer mais cedo ou mais tarde, e todo mundo sabe o porquê do que aconteceu ontem", escreveu ele.


Nota da defesa do investigado  

Em relação aos recentes acontecimentos envolvendo o humorista Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, gostaríamos de esclarecer que estamos tomando todas as medidas legais cabíveis. Destacamos a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário. O devido processo legal deve ser rigorosamente observado, garantindo que o acusado tenha uma defesa plena e justa, sem qualquer tipo de pré-julgamento.

Pedimos à mídia e ao público que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso, uma vez que a ampla exposição de fatos ainda não comprovados pode causar danos irreparáveis à imagem e à carreira de Nego Di. Qualquer divulgação precipitada pode resultar em uma condenação prévia injusta, prejudicando sua honra e dignidade.


Promoção de rifas virtuais  

A operação realizada na sexta-feira investiga a suspeita de irregularidades em sorteios virtuais. Com prêmios atraentes como dinheiro instantâneo via PIX, celulares, videogames e até carros, Nego Di encontrou nas promoções uma forma de engajar o público e ganhar dinheiro. No entanto, segundo o MP, o esquema envolve lavagem de dinheiro.

Em uma das promoções, Nego Di anunciou: 

"Seguinte, internautas: 30 mil no Pix, mais um iPhone 15 + 1 PlayStation 5 por apenas 15 centavos, e já foi 50%. E o que mais tem pra quem tá achando tendo pouco? É mil na hora no Pix, pai. Compra rápido, porque isso aí já tá assim, ó, se encaminhando pra finaleira. Resultado pela loteria federal e sem trampa vai tudo f*...", comunicou.


As promoções também ofereciam uma Porsche:

 "A Porsche pode ser tua por apenas 0,99 centavos. Vai levar essa pra casa com 10 bilhetes premiados valendo 10 mil cada", anunciava Nego Di.


O que parecia uma oportunidade de prêmios acessíveis se transformou em uma investigação. Em janeiro, ao promover o sorteio de um carro de luxo blindado, Nego Di chamou a atenção do MP.

A investigação revelou que os depósitos das rifas de Nego Di eram canalizados para contas vinculadas à sua esposa, empresas em nome do casal e até parentes. A movimentação financeira chegou a R$ 2,6 milhões. Segundo o promotor de Justiça da 8ª Promotoria de Justiça Especializada Criminal, Flávio Duarte, o esquema caracteriza lavagem de dinheiro.

"Esses valores ingressavam inicialmente na conta de uma terceira pessoa, depois eventualmente retornavam para uma empresa e somente depois que já estavam incorporados na empresa, dando uma aparência de lícito e ao mesmo tempo se distanciando daquele valor que se sabia que era ilegal, oriundo de uma contravenção penal, ele adquiriu os bens. Todo esse mecanismo, toda essa dissimulação, esse distanciamento da origem delituosa configura o crime de lavagem de dinheiro", explicou Duarte.


Os investigadores descobriram que Nego Di usou parte dos recursos para adquirir dois carros, avaliados em mais de R$ 630 mil. O MP investiga se esse veículo foi sorteado e onde ele se encontra. O promotor ainda indica que não havia nenhum tipo de controle sobre as rifas e nem uma data para o sorteio.

"No meio da ação (do sorteio), ele vendeu o veículo e não houve demonstração que tenha ocorrido um sorteio. Esse carro foi vendido dele diretamente por uma empresa parceira dele de negócios. Mesmo depois da venda desse veículo para uma revendedora, continuaram entrando nas contas dele valores referentes à rifa", esclareceu Duarte.


Gaúcho de Porto Alegre, Dilson Alves da Silva Neto, mais conhecido como Nego Di, participou do Big Brother Brasil em 2021. Ele entrou como integrante do grupo Camarote, pois já trabalhava como influenciador digital e comediante. Ele foi o terceiro eliminado do programa, com 98,76%.

Após o reality, ele começou a promover rifas em redes sociais, divulgando no regulamento que "quem comprar mais números" ganha o prêmio. A prática é investigada pelo Ministério Público (MP) e motivou a operação contra ele e sua companheira na sexta-feira (12).

Nego Di já sofreu sanções da Justiça do Rio Grande do Sul por divulgação de fake news em seus perfis nas redes sociais. Em decisão de maio deste ano, o Tribunal de Justiça (TJ) determinou que ele apagasse publicações sobre as enchentes.

Na ocasião, Nego Di alegou que as autoridades estariam impedindo barcos e jet skis de propriedade privada de realizar salvamentos na região de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, por falta de habilitação dos condutores. Além disso, ele compartilhou imagens de cadáveres boiando que não eram da tragédia em questão, inclusive uma de uma inundação no Rio de Janeiro.

A Justiça determinou a exclusão imediata das publicações e proibiu Nego Di de reiterar as afirmações mentirosas, sob pena de multa no valor de R$ 100 mil.


Por Alex Oliveira para o Planeta Diário


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